Fórum Municipal da Educação Inclusiva teve a participação de renomados palestrantes do País que trouxeram estratégias para envolver e promover a autonomia dos alunos com deficiência
Por Adriana Santana | Fotos: Reprodução e Marcos Sandes/Ascom
A primeira edição do Fórum de Educação Inclusiva da Prefeitura de Araguaína foi realizada nessa terça-feira, 25, e contou com a participação de mais cinco mil professores do Município e região. Com o tema “Construindo caminhos para uma escola inclusiva de qualidade”, o evento transmitido no formato on-line apresentou novas estratégias inclusivas para as unidades de ensino.
Durante a abertura, o prefeito Wagner Rodrigues reforçou que o Município continuará investindo em formações e outras ações que garantam maior desenvolvimento da educação. “Ficamos felizes em realizar esse fórum que, pela contribuição de profissionais tão gabaritados, nos dará novas oportunidades de melhorar o atendimento a nossas crianças que precisam muito da nossa atenção e cuidado”.
O fórum foi transmitido pelo Youtube no canal da Diretoria de Formação Continuada da Secretaria da Educação de Araguaína e ultrapassou oito mil visualizações. O evento segue disponível para acesso.
Estratégias para inclusão escolar
Participaram do evento vários especialistas em educação inclusiva, como o médico psiquiatra Thiago Rocha, do Rio Grande do Sul, especialista na infância e adolescência, mestre e doutor em Psiquiatra e Ciências do Comportamento e idealizador do Método FES (Filhos Emocionalmente Saudáveis); a mestre em educação, Ana Paula Marzalle, de São Paulo, além do poeta e escritor cearense, Bráulio Bessa.
Entre os assuntos discutidos, houve a apresentação de estratégias inovadoras que reforçam a inclusão dos alunos com algum tipo de atenção especial. Uma possibilidade inovadora para prática em sala é o “Bingo da Leitura”, mostrado pela mestre e especialista em Desenho Universal para Aprendizagem, Ana Paula Marzalle.
“Precisamos buscar sempre formas diferentes de envolver e promover a autonomia dos alunos com algum tipo de atenção especial, instigando o interesse deles, não de forma isolada, mas com dinâmicas que incluam toda a sala de aula, como é o caso do bingo em que todos os alunos são livres pra escolher, dentro das opções do jogo, a proposta de atividade que mais lhe agrada”, apontou a especialista.
Mais empatia
Abordando sobre a aprendizagem e comportamento de alunos com TEA (Transtorno do Espectro Autista), o psiquiatra Thiago Rocha destacou que não existe educação inclusiva sem que haja real empatia entre os profissionais envolvidos no ensino e as crianças que possuem alguma deficiência.
“É essencial que saibamos que o outro, seja quem for, é diferente de nós, tem suas próprias expectativas, desejos, habilidades e valores. Só teremos certeza de que nosso pensamento coincide com o dele, por meio de um ato simples e complexo ao mesmo tempo, que é se relacionando verdadeiramente com ele”, assegurou o psiquiatra.
O médico destacou ainda que os profissionais da rede de ensino, especialmente os que lidam direto com os alunos especiais, precisam desenvolver a habilidade da conexão individual, olho no olho, buscando compreender a realidade, o comportamento e o cenário em que aquela criança está inserida, como um detetive que precisa de estratégias para encontrar pistas e solucionar enigmas.
Educação que cura
Em sua participação, o poeta, escritor e artista nacional Bráulio Bessa contou sua história e como a escola contribuiu com sua trajetória de vida. Natural do interior do Ceará, Bráulio enfatizou o papel do ensino que respeita as diferenças. “Um menino pobre, criado no sertão, tão retraído que mal falar conseguia, de repente se viu acolhido e amado por uma professora que através de uma pergunta, que eu nem soube responder, me fez encontrar o meu grande propósito de vida: a poesia”.
O artista, emocionado, reforçou a escola como meio de cura para tantos que são excluídos. “Sou fruto de uma educação acolhedora e inclusiva que me deu a segurança de ser diferente e de me descobrir na vida”.
Educação Especial
Araguaína é uma das cidades do Tocantins que se destaca na educação inclusiva. Desde 2003, o Município desenvolve o Programa de Educação Inclusiva, por meio de uma parceria da Prefeitura com o Ministério da Educação. Em 2015, com a publicação do Plano Municipal de Educação, instituído pela Lei Municipal 2957, a Educação Especial ganhou maior projeção e planejamento para ampliar a oferta de serviços.
De acordo com dados da Secretaria da Educação de Araguaína, são 81 escolas e creches, sendo 30 delas referência no Ensino Especial no Tocantins. Mais de 40 professores são preparados continuamente para acolher e alfabetizar os mais de 600 alunos com algum tipo de deficiência, matriculados nas unidades de ensino municipais.
O Município também oferece o transporte escolar acessível, com veículos adaptados, para atender os alunos com deficiência física, além de serem acompanhados de um monitor, além de muitos outros serviços.
O artista Bráulio Bessa, emocionado, reforçou a escola como meio de cura para tantos que são excluídos
O prefeito reforçou que o Município continuará investindo em formações e outras ações que garantam maior desenvolvimento da educação
“Precisamos buscar sempre formas diferentes de envolver e promover a autonomia dos alunos com algum tipo de atenção especial”, disse a mestre Ana Paula
“É essencial que saibamos que o outro, seja quem for, é diferente de nós, tem suas próprias expectativas”, reforçou o psiquiatra Thiago Rocha