Entrevistas da Prefeitura de Araguaína trazem histórias da chegada da rodovia na cidade a partir da memória de moradores em comemoração aos 64 anos da cidade, comemorado no dia 14 de novembro
Por Marcelo Martin | Foto: Marcos Sandes/Ascom
A segunda entrevista da série “Rota da Prosperidade” traz as histórias do engenheiro civil Jurandir Macambira, 85 anos, sobre Araguaína na época da pavimentação da BR-153. A cidade completa 64 anos no dia 14 de novembro e, até lá, a Prefeitura trará o que contam moradores que participaram ativamente da construção e desenvolvimento da rodovia, uma das mais importantes do País e eixo fundamental de crescimento econômico e social para a cidade.
Ele lembra do piscinão, ponto turístico na cidade na época, das primeiras ruas pavimentadas e os problemas causados pelas pontes de madeira, que deixaram Araguaína sem trafegabilidade por dias.
Onde tudo começou
Natural de Belém, ele veio para Araguaína como engenheiro fiscal da RodoBrás, órgão criado por Juscelino Kubitschek para construção do trecho conhecido como Belém-Brasília. “A direção disse que precisava de mim aqui e eu cheguei em Araguaína em 1968, quando o prefeito era o Zeca Barros. Na época já tinha a rodovia, que era de chão, aberta pelo Bernardo Sayão”, contou Macambira.
O engenheiro se instalou no Bairro JK, que foi morada de outros muitos trabalhadores da rodovia. “A cidade era muito pequena, as casas eram de madeira. Araguaína começava no Córrego Neblina e terminava na Igreja Presbiteriana. Só acima do Bradesco (Rua Ademar Vicente Ferreira) tinha umas casas melhores, o resto era barraco. O fluxo se concentrava nas ruas Falcão Coelho, Primeiro de Janeiro e Cônego, nas paralelas e transversais era muito pouco”.
Depois disso, o engenheiro conta que nunca mais foi embora. Macambira disse que a cidade lhe deu amigos e uma família. Ele conheceu a esposa Gilce no ponto turístico da época, que foi criado por Jorge Yunes, outro pioneiro da cidade. “Ele mesmo criou a primeira barragem e a usina corujão. Do lado, ele fez um piscinão, a água saia da represa e voltava para o Rio Lontra. Era a Via Lago de hoje. Foi lá que tive a oportunidade de conversar com a Gilce”.
O asfalto trouxe facilidade
Segundo o engenheiro, a pavimentação de trechos ao norte da Rodovia Belém-Brasília foi iniciada em 1973, facilitando o acesso dos viajantes. Antes, a viagem entre a capital paraense e a nova capital brasileira durava cinco dias. “A cidade desenvolveu bastante, veio descendo de onde era a sede da Prefeitura, no Centro. A Cônego João Lima e a Santos Dumont foram até a rodovia. Antes esses trechos eram estradas de chão e a rodoviária era onde é hoje o Hotel São Vicente”.
Uma tarefa importante da equipe durante a construção da rodovia era manter a trafegabilidade no trecho. “A única ponte de concreto que havia na região era de Estreito, por causa da distância, e as outras todas eram de madeira. Por isso tinha interdição demais. Me lembro um Natal que estava em Belém e uma ponte caiu, era a Ponte do Capivara. Tive que voltar e passamos a noite trabalhando”, lembrou Macambira.
A BR-153
Conhecida como Belém-Brasília no trecho entre Anápolis (GO) e Wanderlândia, e também como Transbrasiliana, a rodovia é uma das maiores obras de infraestrutura do Brasil que ajudou a conectar a região norte com o eixo centro-sul do país. Tem 3.585 quilômetros de extensão e hoje é a sexta maior rodovia do Brasil.
A obra começou no final dos anos 1950, durante o governo de Juscelino Kubitschek. O projeto foi conduzido pelo engenheiro Bernardo Sayão, que dá nome a uma cidade no Tocantins e diversas ruas e avenidas em outros municípios. A primeira cidade tocantinense a receber a rodovia foi Xambioá, na frente de obras que saiu de Belém para encontrar a frente sul.
Hoje, mais de 400 mil pessoas de 58 cidades, além de distritos e povoados, vivem às margens da BR-153 no Tocantins.
Macambira conta que a cidade lhe deu amigos e uma família