Por: Marcelo Martin | Foto: Reprodução
Dos 20.445 alunos da Rede Municipal de Ensino, mais de 800 tem algum tipo de deficiência e recebem o AEE (Atendimento Educacional Especializado) e o auxílio de um profissional de apoio
Mais de 500 professores e auxiliares que atuam no AEE (Atendimento Educacional Especializado) nas escolas e creches da Rede Municipal de Ensino de Araguaína participaram no último dia 11 de uma formação continuada. O tema geral foi “Saberes necessários ao processo de inclusão dos alunos com deficiência”. O encontro realizado de forma on-line teve palestras com socorrista, psicóloga, neuropsicopedagogas e terapeuta ocupacional.
De acordo com a professora e supervisora da Formação Continuada, Hemily Crhistine, o principal papel do professor é incentivar os alunos com deficiência. “Temos que valorizar o que a criança produziu, sem pressão, para que ela deixe sua marca. Valorizar um ponto de partida, sem dizer que ela precisa mais e que foi muito pouco porque pode travar o aluno que tem dificuldade”, alertou.
Dos 20.445 alunos da Rede Municipal de Ensino, mais de 800 têm algum tipo de deficiência e recebem o Atendimento Educacional Especializado (AEE) e o auxílio de um profissional de apoio.
Rotina mais participativa
Potencializar esse início do desenvolvimento é o que relata a psicóloga da Clínica-Escola Mundo Autista, Keiliany Lima. “Tenha uma rotina visual, lúdica, use coisas que essa criança goste. E não precisa ser somente o que vai fazer na escola, trabalhe um quadro para ela compreender as expressões faciais. Elas podem apresentar dificuldades para entender, mas ela está procurando como se comunicar, só não encontrou como”.
Qualquer estímulo lúdico pode se tornar um aprendizado natural para a criança com deficiência, inclusive as que têm deficiências múltiplas, explicou a terapeuta ocupacional do CER (Centro Especializado em Reabilitação) de Araguaína, Jamilly Fialho. “Atividade com grãos de arroz, passando de uma vasilha para outra está estimulando diversas habilidades motoras e cognitivas. Temos que fazer adaptações para autonomia nas atividades, proporcionando a participação”.
Primeiros-socorros
A enfermeira do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) Verônica Carneiro apresentou a parte teórica dos primeiros-socorros, que serviu ainda como base para capacitação presencial dos servidores das escolas e creches nas próximas semanas. Ela ensinou manobras para desengasgar, métodos de avaliação para ferimentos e intoxicações, e outros atendimentos que estão geralmente ligados às crianças com transtorno do espectro autista (TEA).
“As crianças com TEA têm outras comorbidades juntas e muitas têm convulsões. Uma febre alta pode gerar uma crise convulsiva. As crises são rápidas, duram 30 segundos, então o professor precisa saber o que fazer ali no momento. Ele deve afastar objetos ao redor e curiosos, proteger a cabeça, afrouxar as roupas e acionar SAMU”, ensinou Verônica.
A socorrista alerta que o procedimento correto é bem diferente do conhecimento popular. “Depois do momento da crise, ela vai estar apresentando letargia. Vai puxar o ar com dificuldade, o que é normal no período pós crise. Não segure a língua, não dê tapas e não jogue água. Coloque a criança em uma posição lateralizada e feche a boca segurando o queixo para ajudar na respiração, até a chegada da equipe de saúde”.
Atendimento
A rede de apoio aos alunos com deficiência é realizada por uma equipe multiprofissional formada por psicólogos, fonoaudiólogos, assistentes sociais, psicopedagogos e supervisores pedagógicos, além da possibilidade de consultas e acompanhamento do CER de Araguaína.