Parte da solução é ampliar em três vezes o canal do Córrego Neblina até sua nascente e construir seis bacias de detenção
Por Marcelo Martin - Foto: Marcos Sandes/Ascom
“A água sempre corre para o ponto mais baixo. No caso do Córrego Neblina, toda água da chuva que é coletada desde a nascente, na Vila Norte, ao longo de quase 5 km, vem escoar justamente na região central, onde há um afunilamento e ocasiona os alagamentos. É isso que vamos resolver em 2022”, explicou o prefeito de Araguaína, Wagner Rodrigues, durante vistoria às obras da Via Norte, na última semana.
A solução citada pelo prefeito faz parte da obra de canalização do Córrego Neblina e seus canais Planalto e Tanque, antes da afluência do Córrego Canindé, que já está canalizado, e ainda os canais Tibúrcio e Água Fria, nas proximidades da foz no Rio Lontra. “Vamos triplicar a área por onde a água passa para que ele suporte as fortes chuvas. Além da construção de mais cinco bacias de detenção, iguais à implantada ao lado do Parque Cimba”, detalhou Wagner.
Hoje, o canal do Córrego Neblina, por onde a água passa, tem apenas 1,5 metro de profundidade e 3 metros de largura. A canalização ampliará esse espaço para 3 metros de profundidade e 6 metros de largura. “Passará de 4,5 para 18 metros quadrados de seção. Sem contar que em muitos trechos onde há invasão de moradores, a largura atual do canal não chega nem a 3 metros”, alertou o prefeito.
Sistema de detenção das chuvas
Outra melhoria será na implantação do Parque Nascentes do Neblina, que será uma Unidade de Conservação (UC) fechada para o público, garantindo a proteção e conservação dos mananciais e da mata nativa. A região terá ainda três bacias de detenção que superam a capacidade de 100 mil metros cúbicos (m³), o que significa mais de 40 piscinas olímpicas.
Esse tipo de reservatório controla o escoamento da água das chuvas com um armazenamento temporário, liberando lentamente a água acumulada e garantindo que o sistema de macrodrenagem funcione com eficiência.
Ainda no início
As obras fazem parte do Projeto de Saneamento Integrado Águas de Araguaína, que tem construção de sistemas de micro e macrodrenagem, pavimentação, implantação de áreas verdes e bacias de detenção, que minimizarão a ocorrência de alagamentos em áreas pontuais da cidade.
“Dentro desses 30% de obras licitadas, construímos 80%. Muito em função das chuvas que começaram cedo e a covid-19. É importante dizer também que se essas obras já estão diminuindo o impacto da chuva. Caso contrário, seria muito pior. Essas chuvas que estamos recebendo, não tínhamos há muitos anos. Última vez foi em 2013”, afirmou o prefeito.
Já ajudando
A primeira bacia de detenção, construída no trajeto da Via Norte, foi concluída em janeiro deste ano e já está contribuindo para reduzir o impacto das chuvas, que têm sido intensas. No dia 16 de dezembro, o pluviômetro físico instalado na bacia de detenção registrou 120 milímetros de chuva, quase três vezes a mais do que é considerado uma chuva forte (50 milímetros).
Além disso, o 1,6 km do Córrego Canindé, da bacia até a foz no Córrego Neblina, também foi ampliado. Do local de fluência, que fica na proximidade da Avenida Neif Murad, até a Avenida Castelo Branco, o trecho do Córrego Neblina receberá a canalização ao longo de 4,8 km. Por cima da drenagem, será construída a Via Parque.
Águas de Araguaína
O projeto é executado por meio de empréstimo de R$ 350 milhões entre o Município e o CAF - Banco de Desenvolvimento da América Latina, aliando desenvolvimento econômico à sustentabilidade. Iniciado em 2020, tem previsão de execução até o final de 2023.
Aerofotogrametria com levantamento do relevo, por meio de sensores a laser, aponta que regiões norte e leste da cidade são mais altas do que a central. Na imagem, a intensidade do vermelho ressalta na região mais alta