Hedisônia Brilhante é da equipe de Vigilância em Saúde de Araguaína e conta como tem sido a experiência entre o trabalho e o cuidado com o filho de 9 anos. A profissional é a segunda personagem da série: Mães que salvam, que homenageia mães que estão na linha de frente de combate à covid-19
Por: Adriana Santana | Foto: Marcos Sandes
Mãe do Luiz Felipe, 9 anos, enfermeira, profissional da equipe de Vigilância em Saúde de Araguaína que atua na Equipe de Resposta Rápida e visita pacientes para entrega dos diagnósticos positivos da covid-19. Hedisônia Brilhante, 37 anos, é uma das muitas mães da área da saúde que, na linha de frente do combate à doença, enfrenta o desafio entre trabalhar e cuidar dos filhos. A profissional é a segunda homenageada da série: Mães que salvam, em homenagem àquelas que precisam se dividir entre a saúde e o amor.
“Está sendo desafiador, porque preciso me dividir entre o trabalho, os cuidados extremos lá fora, orientar em casa e a missão de ser mãe presente, sem passar para ele toda carga que essa pandemia tem trazido. Sou uma das muitas mães da saúde que não sabem o que é descansar nos últimos meses, redobrando o cuidado com as pessoas, e lutando para não perder o ritmo da mãe presente”, contou Hedisônia.
Desafios
“Uma das coisas que está sendo muito difícil para mim é a distância entre nós na hora de dormir. Somos só ele e eu em casa, sempre dormimos juntos, mas agora como cuidado preventivo, ele tem dormido sozinho; a presença dele perto de mim é o que mais sinto falta”, desabafou a enfermeira.
Segundo ela, outro desafio da maternidade é acompanhar o Luís Felipe nas aulas on-line. “Hoje meu filho não tem conseguido participar das aulas, é tudo muito novo para ele e sente minha falta ali ao lado para auxiliar com o computador, mas ele não me cobra, porque sabe que tenho dedicado meus dias para ajudar a salvar mães, pais e até outras crianças e entende que tudo vai passar”, destacou Hedisônia.
Como estratégia para aliviar a tensão emocional, o estresse e ansiedade dos dois com a mudança repentina no dia a dia da casa, a enfermeira evita falar muito sobre a doença, assistir noticiários e tem feito a opção por momentos de entretenimento com brincadeiras, filmes e outras atividades que possam fazer juntos e sempre com muita alegria.
“Não é fácil, mas vivo dois momentos no dia, o da tensão enfrentada no contato com as pessoas que recebem a notícia do diagnóstico positivo, e ali preciso passar calma, orientar da forma correta, levar segurança também a esses pacientes; depois é chegar em frente à minha casa deixar tudo do portão para fora, já que entro na missão de mãe e todas as funções que me traz, entre elas, passar paz para o meu filho”, explicou.
Cuidados
Desde do início da pandemia da covid-19, Hedisônia dedicou tempo para explicar ao filho de forma clara os riscos da doença, mas principalmente as atitudes que teriam que tomar, juntos, para a prevenção. “Quando a minha mãe chega do trabalho ou de outro lugar já lembro ela que precisa deixar o calçado e a roupa lá fora, correr para tomar banho logo e só depois disso pode vir me abraçar”, descreveu o garoto.
Consciente, Luiz Felipe lembrou ainda que precisa usar a máscara: “Eu tenho muitas máscaras, porque elas protegem contra o coronavírus e sempre que preciso ficar perto de alguém já uso e digo pra que todo mundo use”.
“Estou na linha de frente e para proteger meu filho tenho seguido à risca toda recomendação necessária, mas contar com a colaboração dele é muito importante. Além da consciência dentro de casa, ele passa isso também para a avó, primos, quem quer que seja, porque ensinei que o cuidado pode ajudar a acabar com essa doença”, relatou a enfermeira.
Esperança
A profissional de saúde ainda analisou sua vida pós-pandemia. “Amo minha profissão, amo ser mãe, sou grata a Deus por ter me dado essas duas graças a de ajudar o próximo, por meio do trabalho, gerar e criar uma vida. Não tenho dúvida que ao passar tudo isso, serei uma profissional e uma mãe bem melhor, valorizando cada instante, cada abraço, cada momento com aqueles que amo, principalmente com Luiz Felipe”.
Para o filho da enfermeira, a esperança é de ter a rotina de volta ao normal. “Tenho pedido a Papai do Céu que acabe logo com essa doença e eu possa ter minha mãe mais pertinho de mim, porque sei que agora ela está ocupada ajudando outras pessoas”.