Com o início da pandemia, Janaina de Farias enviou as filhas à casa da mãe para manter o distanciamento e o contato com elas tem sido por telefone e aceno pela janela do carro
Por Marcelo Martin - Foto: Marcos Sandes/Ascom
Janaina Barreira dos Santos de Farias, 35 anos, só tem visto as filhas e a mãe por telefone e acenos pela janela do carro quando vai para casa após 36 horas de trabalho. O distanciamento é a maneira encontrada para manter quem ama mais seguro. A última homenageada da série Mães que Salvam é a técnica de enfermagem no anexo covid da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e atua também no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192).
Desde o início da pandemia, em março, Janaína começou a distanciar da casa da mãe, onde passava os finais de semana e feriados, e também das filhas, para diminuir as chances de contaminação. “A gente que trabalha na saúde, por mais que se proteja, ficamos com receio, vai que acontece alguma coisa”, contou.
As filhas Miriam e Ana Gabriela, 16 e 7 anos, ainda passam alguns dias em casa, mas sem contato. “Minha menor é exigente e me cobra ‘mamãe se eu não posso te abraçar, era melhor nem ter vindo’”, relata Janaína. Já o contato com a mãe, Luzia, é apenas digital. “Tenho pais idosos, com 65 anos, minha mãe é hipertensa e diabética, do grupo de risco, e isso me deixa muito emotiva”.
O jeito de encarar essa saudade foi pensar positivo e repensar a vida. “Essa pandemia veio para unir as pessoas, para valorizar quem está perto, valorizar as pessoas que amamos, as pequenas coisas, como abraços. São nelas que a gente encontra o sentido da vida e por vezes deixamos escapar”, destacou.
Vida de enfermeira
Na UPA há 11 anos, Janaína já passou por diversos setores e hoje atende quem mais precisa de socorro nos leitos de suporte avançado. Ela também foi a segunda mulher a pilotar uma motolância do Samu, onde está há dois anos. “Estive por três anos consecutivos na sala vermelha na UPA, a gente atende os casos mais graves, mas a rotina é totalmente diferente com a covid-19”, ressaltou.
Depois dos turnos nas duas unidades, que somam 36 horas, Janaína toma um banho na unidade e vai para casa, mas chegando ainda precisa de mais meia hora para descansar. “Tiro meu sapato e roupa, higienizo com hipoclorito e lavo. Tomo um banho na ducha do corredor e só depois posso entrar em casa. Antes, já tinha a atenção com sapato e roupa, mas era menos”, detalhou.
Atenção para dias melhores
Janaína gosta da casa cheia, de receber amigos e não vê a hora de abraçar os pais e filhas, como fazia antes, e sabe que para isso é preciso que todos participem. “A mensagem que deixo é que se mantenham em isolamento o máximo que puder, o vírus existe e a doença é grave. Vamos usar máscaras, higienizar as mãos e produtos antes do consumo. As precauções são as melhores armas”.
Janaína gosta da casa cheia, de receber amigos e não vê a hora de abraçar os pais e filhas, como fazia antes, e sabe que para isso é preciso que todos participem