O evento inédito para público, professores, estudantes e entidades tratou temas variados, como desafios na adolescência e vida adulta, inclusão escolar e direitos
Por Marcelo Martin - Foto: Marcos Filho Sandes/Ascom
Benjamim Netanyahu Felipe, 9 anos, recebeu o diagnóstico de autismo há apenas dois anos. A mãe, Sandra Celedono, 43 anos, já observava que o filho era diferente desde os dois anos, mas por falta de conhecimento demorou para descobrir o espectro. “O médico disse que ele tinha Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), mas eu desconfiava que era algo a mais e pesquisei. Quando soube do autismo não fiquei tão surpresa porque eu já entendia ele”.
O caso citado é um exemplo de novos diagnósticos e técnicas de interação após o crescimento das discussões e políticas públicas sobre o aspecto neurológico. Para atender a esta demanda, a Prefeitura de Araguaína realizou, por meio da Diretoria de Ensino Especial e Clínica-Escola Mundo Autista, o 1º Simpósio Conhecendo o Autismo em Araguaína. O evento foi sediado no auditório do Colégio Santa Cruz, nessa terça-feira, 2.
De acordo com a coordenadora da Clínica-Escola Mundo Autista, Valdirene Barros Lopes, a participação do evento superou as 300 inscrições que foram abertas. “O interesse no assunto é pela necessidade. O autismo ainda é um transtorno desconhecido e temos um número muito grande de autista surgindo. Com o conhecimento, as pessoas desconfiam pelos sinais e buscam o diagnóstico para constatar”.
Conhecimento aplicado na Educação
A Prefeitura capacita os professores da Rede Municipal de Ensino para compreender as necessidades dos alunos com autismo. Katiane Saraiva, 42 anos, é professora da sala de Atendimento Educacional Especializado (AEE), na Escola Municipal Simão Lutz, do Setor Araguaína Sul. Ela conta que já ajudou a identificar uma criança com o espectro neurológico.
“A sala é feita no contraturno, para crianças que precisam de um maior suporte. Houve uma criança que entrou na sala com diagnóstico de TDAH, mas a gente via que era algo diferente, e encaminhamos para a Clínica-Escola, onde foi descoberto o autismo. Ainda falta muita informação, mesmo entre os médicos”, alertou a professora.
Atendimento especializado
Em 2016, foi fundada a Associação Mundo Autista em Araguaína. No mesmo ano, a Prefeitura de Araguaína criou a Clínica-Escola Mundo Autista, a terceira no Brasil e primeira na região Norte. Administrada pela associação, a clínica atende aproximadamente 500 pessoas com algum grau de Transtorno do Espectro Autista (TEA) e cerca de 200 usuários, com terapias, consultas médicas e odontológicas, atendidos mensalmente.
Para ter acesso a uma consulta da Clínica-Escola Mundo Autista de Araguaína, é necessário primeiro um encaminhamento nas redes municipais de Saúde e Educação. “Existem alguns sinais que os pais devem ficar atentos para contar aos médicos e educadores. Os mais comuns são isolamento, retardo da fala, e falta de interação e contato visual”, comentou a coordenadora da Clínica-Escola. Mais informações podem ser encontradas no Instagram na instituição.
Benjamim recebeu o diagnóstico de autismo há apenas dois anos. O caso é um exemplo de novos diagnósticos e técnicas de interação após o crescimento das discussões e políticas públicas sobre o aspecto neurológico