Flávia trabalha com uma escavadeira hidráulica que pode suportar 32 toneladas; ela conta como conquistou espaço numa área em que os homens são quase a maioria absoluta
Por Marcelo Martin - Foto: Marcos Filho Sandes/Ascom
A menos de 15 dias para o Dia Internacional da Mulher, 8 de março, Flávia Virgínia Feitosa da Silva, 36 anos, é um exemplo de mulheres que são donas de si e decidem seu destino. Ela chama a atenção por ser a única mulher operando uma máquina na obra de recuperação da cratera na TO-222.Deveria ser algo comum, mas a operadora é exemplo de conquista do espaço feminino em um meio dominado pelos homens.
Ela conta como superou os desafios e ganhou o respeito dos colegas de trabalho. Formada no curso de Estradas e Edificações, do Instituto Federal do Piauí, Flávia foi a única das cinco mulheres da sala que continuou na área. Todas passaram por um estágio probatório, no qual tiveram a oportunidade que operar as máquinas pesadas.
“Tinha a vaga e a gente começou a brincar nas máquinas. E como o dono da empresa era australiano e lá era comum mulheres nesta função, deu certo”, comentou.
Ter confiança
“Eu me lembro da primeira vez que subi numa escavadeira, fiquei tremendo. Agora, eu tenho confiança. Já trabalhei em lugares muito altos e não tive medo, mesmo a 30 metros de altura. Eu tenho mais medo de andar de moto do que desta máquina”, descreveu Flávia sobre seu início na profissão.
Quando foi contratada para operar a máquina no canteiro de obras iniciaram as provações. “No início os trabalhadores não me aceitaram. Lembro que quando havia duas maquinas carregando, os caminhoneiros preferiam ir na outra carregadeira. Só vinham na minha quando a outra estava muito ocupada”.
Responsabilidade
Ela disse que precisou ser mais rápida para provar seu valor e conquistar a confiança dos colegas. “Eu fui provando com meu trabalho. Tinha que ser mais rápida que os colegas e fui pegando a preferência. Em pouco tempo alguns caminhoneiros só queriam carregar comigo porque eu era ágil”.
Outro ponto importante para alcançar o respeito foi a profissionalidade no trabalho. “Meu nome não é Flavinha, é Flávia”, falou sobre o alerta que dá aos colegas. Ela ainda citou que nunca chegou atrasada ou perdeu um dia de trabalho. “Eu também bebo minha cerveja e danço. Mas sei das minhas responsabilidades. E o engenheiro encarregado vê isso, ele diz que é mais fácil trabalhar com mulher, porque somos mais calmas”.
Para outras mulheres que gostariam de trabalhar na área, Flávia adianta que “não tem um serviço na construção civil que uma mulher não possa fazer”. “A gente precisa mostrar algo a mais todo dia. É preciso ter força de vontade. E nós mulheres, quando entramos, entramos com vontade”.
Ela conta como superou os desafios e ganhou o respeito dos colegas de trabalho