Além de ritmo, apresentações para escolhas da Rainha e Casal Cangaço resgataram personagens históricos e seus dilemas morais. Evento foi realizado no sábado, 25
Por Marcelo Martin - Foto: Marcos Filho/Sandes
As histórias quase que folclóricas da cultura agreste e os direitos socias das mulheres foram principais temas que marcaram as disputas de Rainha e Casal Cangaço do São João do Cerrado de Araguaína. A realização da Prefeitura de Araguaína foi no sábado, 25, na Praça das Nações São Luís Orione, e também contou com a venda de comidas típicas da Feira de Arte e Talento.
Teve Maria Bonita intercedendo pelo filho do inimigo de Lampião, também o Diabo buscando a alma de Corisco e Nossa Senhora acolhendo o espírito de Dadá, ambos soldados do bando do cangaceiro mais famoso do Nordeste. E ainda homenagens à Nádia Murad, mulçumana que recebeu o Prêmio Nobel da Paz por seus esforços contra o uso da violência sexual.
“Tem todo um teatro, uma história para que os jurados e o público possam entender o que queremos passar. Nesse ano, trouxemos o que a sociedade está vivendo, muitas mulheres se calam diante da violência, mas nós mostramos que elas precisam gritar”, afirmou Jaison Sousa, presidente da Encanto do Luar, que levou a faixa de Rainha com Lays Araújo.
Já o Casal Cangaço foi conquistado por Wesley Resplande e Keilivania Muniz, da Arranca Toco, interpretando Corisco e Dadá. “São dois personagens bem típicos da cultura nordestina, assim como Diabo e Nossa Senhora. Enquanto o Diabo leva Corisco pela morte de inocentes, Nossa Senhora acolhe Dadá, que é representada de branco e suja de pólvora, remetendo a tristeza de aguardar aquele que não voltará”, explica Rogério Cunha, presidente da quadrilha.
Critérios de julgamento
Cinco quadrilhas juninas disputam os títulos: Os Malacabados, Os Fei de Cum Força, Explosão AR, Encantos do Luar e Arranca Toco. Cada apresentação teve cinco minutos para mostrar aos jurados beleza, simpatia, figurino e harmonia com o tema. “Usando mais a razão do que emoção, a gente olha a criatividade, erros de coreografia e o figurino. Analisamos até a pesquisa usada para desenvolvimento da apresentação”, afirmou o presidente do júri, Nivaldo Correia.
Protagonismo feminino nas apresentações
Outra história tradicional da cultura agreste é a intervenção de Maria Bonita pela mulher e filho de Zé Rufino, volante inimigo de Lampião. “A mulher foge da guerra, mas não imaginava que ia bater de frente com o bando de Virgulino. Ele dá sentença de morte, mas Maria Bonita, mesmo tendo toda bravura, enxerga também a serenidade da outra”, comenta Relderson Sousa, presidente da Malacabados, que ficou em terceiro lugar com Joeberson Muniz e Gesiany Vieira.
Segundo lugar no concurso de Rainha, Marah Araújo, pela Arranca Toco, entrou de burca e se transformou em borboleta durante a apresentação. O figurino foi uma homenagem a Nádia Murad, mulçumana que encantou o mundo por sua luta contra violência sexual contra as mulheres. E tem terceiro, ficou a bruxa interpretada por Cristina Silva, da Malacabados, que em seu texto de apresentação teve o empoderamento e a sabedoria do amor próprio.
Classificação
Casal Cangaço
1º – Wesley Resplande e Keilivania Muniz (Arranca Toco) – Nota: 299,78;
2º – Dheyson Sales e Záfila Caroline (Os Fei de Cum Força) – Nota: 298,9;
3º – Joeberson Muniz e Gesiany Vieira (Malacabados) – Nota: 297,5.
Rainha
1º – Lays Araújo (Encanto do Luar) – Nota: 350;
2º – Marah Araújo (Arranca Toco) – Nota: 349,38;
3º – Cristina Silva (Malacabados) – Nota: 348,1.
Lays Araújo venceu o concurso de Rainha pela terceira vez com a Encanto do Luar