Ao todo, nove programas executados pela Prefeitura foram apresentados no evento, realizado pelo Hospital de Doenças Tropicais (HDT)
Por Marcelo Martin - Foto: Marcos Filho Sandes/Ascom
Um trabalho social inédito no Brasil está sendo desenvolvido pela Prefeitura de Araguaína para combater a Leishmaniose Visceral, também conhecida como Calazar. A inserção de assistentes sociais durante as fiscalizações realizadas pelo Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) está ajudando a diminuir a desnutrição, um dos agravos que contribuem para o alastramento da endemia.
O trabalho foi apresentado junto a mais oito programas municipais no 1º Simpósio da Região Norte de Doenças Emergentes e Reemergentes (SIREDEE) do Hospital de Doenças Tropicais (HDT), realizado de 6 a 8 de novembro, no auditório do Colégio Santa Cruz.
O simpósio conta com 350 participantes, entre estudantes e profissionais da área da saúde, palestrantes de São Paulo, Piauí, Bahia, e do Tocantins. A exposição conta ainda com trabalhos de cursos de saúde das instituições de ensino superior do Município.
A coordenadora do CCZ, Ketren Gomes, explica que durante as visitas técnicas dos agentes de saúde foi identificada uma tendência em encontrar o Calazar entre as famílias com desnutrição. Uma parceria com a Fundação de Atividade Municipal Comunitária (Funamc) disponibilizou assistentes sociais para identificar o grau de vulnerabilidade e inserir estas famílias nos programas de apoio.
“Foram 42 casos abordados no ano passado, todos eles foram cadastrados porque apresentavam algum grau de desnutrição. 36% desses casos estão recebendo auxilio alimentação, além dos demais auxílios do Cadastro Único, tamanha é a vulnerabilidade dessas famílias”, relatou a coordenadora.
A dentista e avaliadora do programa, Fernanda Villibor, trabalhou durante sete anos no HDT acompanhando casos de leishmaniose visceral. Ela pesquisava se o sangramento da gengiva era um sintoma da endemia. “Há uma grande incidência em pessoas desnutridas ou imunossuprimidas. Nas crianças que observei, grande parte delas eram desnutridas. Como cidadã, eu espero que o programa seja estendido”.
Mais frentes de trabalho
Outros oito programas foram apresentados em forma de banner durante o Simpósio, como os de registros de transmissão de doenças transmitidas pelo mosquito Aedes Aegypti, malária e o bicho barbeiro. Ainda de acordo com a coordenadora do CCZ, o Município tem atuado em várias frentes para o controle dessas endemias.
“Estamos registrando mais casos de doenças do Aedes pela herança da Copa do Mundo. Nós tínhamos o vetor, mas não as doenças. Já a malária está erradicada desde 2006, em Araguaína. Sobre a doença de chagas, ainda sofremos com contaminação por consumo de alimentos contaminados. Por isso, a população precisa ver a procedência de alimentos como açaí”.
A professora Cândida Guilherme, que avaliou os demais projetos citados e coordena a vigilância epidemiológica do Hospital Regional de Araguaína, entende que as ações públicas estão caminhando na direção certa. “Nossa comunidade ainda precisa aprender muito sobre educação em saúde, e o papel do CCZ está sendo exemplar. A equipe está saindo do prédio e indo até a população, isso é importante porque a população precisa confiar nos agentes para deixar que eles entrem nas suas casas”.