Luzia Sandes de Brito também mantém funcionando o escritório do filho Danilo Sandes e deu vida ao sonho dele de dar oportunidade para advogados recém-formados
Gláucia Mendes | Foto: Marcos Filho Sandes/Ascom
“Eu me apeguei muito a Deus. Muitos falam que sou forte, não sou forte, essa força vem dele. A gente vai se apegando a uma força que vem do alto para manter a memória de meu filho”. É assim que Luzia Sandes de Brito, de 60 anos, encara a vida de frente e vai seguindo, após perder o filho, Danilo Sandes, brutalmente assassinado em 25 de julho de 2017.
Os sonhos e projetos também estão sendo realizados: ela mantém funcionando o escritório de advocacia do filho e ingressou na faculdade, está cursando o 1º período de Direito. “Quando ele morreu eu comecei a pensar ‘e agora o que vai ser da minha vida?’ Ele estava ampliando este escritório, cheio de sonhos. Na semana da sua morte ele chegou de uma viagem de Marabá (PA) e me disse: ‘Mãe eu estou tão cansado, mas também muito feliz. Está dando tudo certo em minha vida’. No dia seguinte, ele desapareceu”.
Luzia conta que o filho inauguraria o novo escritório de Araguaína, um em Palmas e outro em Novo Repartimento (PA). “Então eu tive a ideia de manter o escritório, dar continuidade aos sonhos e projetos de Danilo. Um deles era de trabalhar com advogados recém-formados, porque quando ele terminou a Faculdade, encontrou quem lhe desse essa oportunidade”, contou.
O escritório, localizado na Avenida 1º de Janeiro, conta com o atendimento de três advogadas. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) seccional Araguaína, também inaugurou um escritório com o nome de Danillo Sandes, com a mesma proposta de dar suporte para recém-formados e advogados que estão em trânsito.
A dor da perda
“Minha mãe perdeu um primeiro filho e dizia pra gente que podemos perder marido, esposa, mãe, pai, irmão, mas nada é comparado à perda de um filho. Agora eu sei do que ela estava falando. Vai embora um pedaço da gente”, contou emocionada.
Ela acrescenta que no dia que soube do assassinato ficou sem chão. “Depois que tudo aconteceu, da forma brutal que todos já conhecem, eu fiquei sem rumo, à deriva de tudo. Por mais que tenhamos apoio da comunidade, da sociedade, não preenche. Eu e Danilo éramos muito parceiros, ele morava comigo. Era mais que mãe e filho, éramos amigos, não fazíamos um negócio sem combinar um com o outro, saíamos para o trabalho juntos, voltávamos juntos, um contava com o outro em tudo”.
Faculdade
Ingressar na faculdade aos 60 anos é motivo de orgulho. “Prestei vestibular no Centro Universitário Itpac e na Católica, passei nos dois, mas optei por cursar na Católica. Estou em uma sala com jovens, a maioria de 17 anos, mas fui muito bem acolhida, me tratam muito bem, me tratam de igual para igual e isso me deixa muito tranquila. Os professores também me tratam muito bem, me veem como as outras acadêmicas e isso é muito bom”.
Assassinato
O advogado Danilo Sandes, 32 anos, desapareceu na manhã do dia 25 de julho e foi encontrado no dia 29, às margens da TO-222, já em estado avançado de decomposição. Com a investigação da polícia, a suspeita é que o crime tenha sido motivado porque Danilo não quis participar de uma fraude que beneficiaria um cliente em uma herança.