Os 40 profissionais terão local próprio para trabalhar na triagem e prensa do material reciclável. O objetivo é aumentar os lucros com a venda coletiva sem atravessadores
Por Gláucia Mendes | Foto: Marcos Filho/Ascom
Membros da Associação de Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis (ACCM) de Araguaína participaram na última sexta-feira 29 de palestra sobre gestão participava e os princípios do cooperativismo. A Prefeitura de Araguaína, por meio da Fundação de Atividade Municipal Comunitária (Funamc), está apoiando os catadores e terão o próprio espaço para trabalhar no Setor Céu Azul.
De acordo com a assistente social da Funamc, Carmelita Coimbra, são cadastrados na associação 40 catadores. “Mas, tem muito mais pessoas que fazem a coleta de material separadamente, queremos organizá-los e trazê-los para participar do projeto. O objetivo é reestruturar o espaço para que eles o utilizem para a triagem e prensa do material, além da venda coletiva, ou seja, para a própria indústria, a proposta é tirar dos atravessadores”, explicou.
A palestra foi com a técnica de gestão participativa da rede estadual do Projeto Cataforte 3 e presidente do Instituto dos Direitos Humanos e do Meio Ambiente, Fátima Dourado. “O objetivo do evento é dar suporte para os catadores neste início de trabalho, nos processos gerenciais de negócios. É importante que eles saibam que, estruturados como cooperativas ou associações, fica muito mais fácil o trabalho de coleta seletiva”, destacou.
Dobrando a renda
Moradora do Setor Jardim Belo, Divina Ribeiro de Souza, de 28 anos, conta que cata material reciclável desde pequena. Segundo ela, o trabalho sempre foi por necessidade, mas, aprendeu a gostar e hoje o vê como um trabalho digno e honesto.
“Aprendi a catar ainda criança com meu padrasto. Hoje sou casada e meu marido é servente de pedreiro. Tenho quatro filhos, não posso só ficar esperando por ele, tenho que ajudar, por isso trabalho como catadora”, disse Divina.
A catadora conta ainda que já sofreu com o preconceito das outras pessoas e já foi até maltratada, mas nunca desistiu de buscar uma renda. “Uma vez eu estava catando latinhas em um show, estava com seis meses de gestação, e um homem gritou comigo ‘sai da frente sua lixeira, senão vou te dar um chute’. Foi ruim, me senti muito mau. Nós somos ser humanos, isso é um trabalho honesto como qualquer outro e tenho orgulho do que faço”.
Divina relata que com a venda dos materiais consegue uma renda extra de R$ 300. No novo espaço e vendendo para a indústria ela espera dobrar esse valor.