Mais de 50 famílias serão beneficiadas diretamente com o plantio das hortaliças. A horta aproveitou uma área pública embaixo das linhas de eletricidade (linhão), onde não pode ter plantio de árvores e construções
por: Gláucia Mendes
Foto: Marcos Filho
Aproveitar espaços vazios sob as linhas de eletricidade (linhão) para hortas comunitárias, gerando emprego e renda e com venda de produtos a preço de custo, foi o que fizeram os moradores da Vila Azul, em Araguaína. Cerca de 58 famílias serão beneficiadas diretamente com o plantio das hortaliças. A ação é um bom exemplo que pode ser implantado em outros locais da cidade onde construções e plantações de árvores são proibidas para não prejudicar a transmissão de energia elétrica.
O pioneiro do projeto da horta, o presidente da Associação de Moradores da Vila Azul, Antônio Carlos da Silva, conta como a ideia se tornou realidade. “Li as normas em uma cartilha das Furnas, empresa de energia vinculada ao Ministério de Minas e Energia, vi que o plantio tem que ser de plantas com no máximo um metro. Elaborei o projeto e levei para a Câmara Municipal, onde foi aprovado por unanimidade pelos vereadores”.
Produtos a preço de custo
A horta tem uma área de 5.700 metros quadrados, divididos em pequenas áreas com 9 por 24 metros para que cada família possa produzir. A Prefeitura de Araguaína disponibilizou máquina para o preparo da terra, além de fornecer adubo e calcário para correção do solo. Já estão sendo plantados na horta coentro, cebolinha, couve, rúcula e alface.
A horta beneficiará as famílias já cadastradas para o plantio e moradores da vila e de setores vizinhos, que poderão comprar os produtos a preço de custo. “Estamos trabalhando e gerando emprego e renda para a população. Quem mora na Vila ou nas proximidades poderá comprar no local, tudo fresquinho. Um dos objetivos é tornar mais barato o custo da cesta básica, porque moram no local pessoas carentes, que já foram beneficiadas com moradias do Minha Casa Minha Vida”, destacou Silva.
Qualidade de vida
Aos 71 anos, João Soares da Cruz não esconde a felicidade em estar participando do projeto. Com dois regadores caminha entre os canteiros e rega as hortaliças com um sorriso no rosto, ele diz querer que as verduras cresçam e fiquem exuberantes.
“Eu trabalhava na roça, mas as terras não eram minhas então, não tive como comprovar e não me aposentei. Moro na vila com minha esposa e a horta veio para alegrar meus dias, aqui me distraio e quero poder também ter um dinheirinho”, contou.
O idoso plantava na área rural e agora é um agricultor urbano. O sonho dele é ter uma renda e a horta comunitária chegou na hora certa, quando ele já estava sem esperanças.
Preservando o meio ambiente
De acordo com o diretor municipal de Fiscalização e Licenciamento Ambiental, Orialle Barbosa, áreas que ficam abaixo de uma faixa de segurança que não podia ser utilizada para construções contribuem ao longo dos anos para invasão de terrenos e, principalmente, áreas de entulhos e lixos.
"Na verdade, o projeto de hortas comunitárias pode atuar de forma eficaz e abrangente. Aproveitar essas áreas para produzir alimentos está por outro lado preservando o meio ambiente. Assim, mantém os terrenos limpos e proporcionam uma perspectiva de vida para essas famílias".