Conheça a história do Batuque, um bar que atrai clientes o ano inteiro com estilo musical e ambiente diferenciados
Por: Fernanda de Alcantara
Crédito/Fotos: Fernanda de Alcantara/Ascom
Nota-se um movimento diferenciado nas quintas-feiras e sábados de Araguaína em uma garagem, na Rua Primeiro de Janeiro, no Bairro São João. É o Batuque, o bar-garagem de Wilson da Silva, morador da cidade que resolveu ser dono do seu próprio negócio de forma inovadora. Na terra em que o sertanejo reina, o som do violão, pandeiro, chorinho, bandolim e percussão podem ser ouvidos, a partir das 18 horas, com clientela fiel.
“Aqui eu encontro uma música diferenciada do resto da cidade, os colegas são mais intelectuais, difícil presenciar briga e confusão, é um lugar simples, e um papo que me divirto”, disse o policial ambiental Enéias da Silva.
A cabeleireira Sandra Nascimento frequenta o local ao lado do marido, o eletricista Newton Feitosa. O casal aprova e recomenda o ambiente que tira o estresse. “Venho principalmente pela música, eu gosto de samba, de pop rock, quando não estou aqui na quinta, estou no sábado”, contou a cabeleireira. “Ficamos aqui ao redor dos músicos, batemos papo, desestressa da correria, aqui é mais do que a cervejinha, é o ambiente, sabe?!”, confirmou o eletricista.
Os músicos são professores, estudantes, servidores públicos e aposentados, que combinam entre si quem canta primeiro. A pequena plateia vibra de acordo com a canção que provoca maiores lembranças e emoção durante a noite, que não dura muito tempo. “Mais ou menos 1 hora ou 2 da manhã já estamos fechados, temos outras responsabilidades”, diz Wilson.
Os estilos musicais variam entre o samba, o pop rock, chorinho, a MPB, e até clássicos internacionais. Artistas desses estilos na cidade estão à disposição para dividir conhecimento e cultura com os clientes fiéis do ambiente.
O Batuque
Wilson saiu do Nordeste, sua terra natal, em meados dos anos 80, por causa da seca. Foi seu tio que comentou pela primeira vez sobre Araguaína e as oportunidades que a cidade podia oferecer. Em busca de uma vida melhor, com apenas 18 anos, ele adotou Araguaína como sua cidade, com a cara e a coragem.
Foi em Araguaína que Wilson aprendeu a dar seus primeiros trocos, constituiu família e se tornou dono do seu próprio negócio. “Eu trabalhei como operador de caixa de uma loja que vende bicicletas, lá eu dei meus primeiros trocos e fui pegando a manha de tocar um negócio”, lembra sorrindo. “Também trabalhei em um armarinho, uma distribuidora que vendia louça, vasilhas, essas coisas”, relembra surpreso com a própria memória.
Mais tarde, Wilson abriu seu primeiro negócio em frente à igreja Matriz. “Foram sete anos de muitos sanduíches! Eu aprendi na prática a tocar um estabelecimento”, contou. Dentre tantas memórias do proprietário, ele conta então sobre sua primeira banda com amigos, e o quanto a música era algo que o deixava e ainda deixa feliz.
“Eu tive uma banda na juventude com amigos, sempre gostei de fazer amizade, de uma roda de violão, Araguaína tem hospitalidade, o nome do bar é em homenagem a tudo isso”, diz Wilson, caindo na risada e pegando o bandolim para tocar, sorrindo como se fosse um rapaz jovem outra vez.
Segundo o proprietário, gostar do que faz é o seu maior diferencial. “Ter um bar não são só flores, tem também os espinhos, mas reunir essa galera e trazer essa vida cultural aqui dentro já compensa”, finalizou.