Uma das histórias foi do indígena Dacimar Uaritax Dias Achure Karajá, agente de saúde da aldeia do povo Karajá em Santa Fé do Araguaia. Dacimar contou que começou a beber aos 17 anos e que nunca recebeu qualquer orientação sobre os perigos do álcool.
“Eu tive vários problemas, tanto dentro da minha família, como dentro da minha comunidade, onde perdi a minha dignidade, a minha moral, o respeito. Chegou o momento que eu pensava que dava conta de sair dessa vida por mim mesmo, só que reconheci que precisava de ajuda, por isso pedi ajuda aos meus familiares”, disse o agente de saúde.
O indígena recebeu o apoio da irmã, que já tinha ouvido falar da UAA e ajudou Dacimar a acessar o tratamento. Com a conclusão, ele espera reconquistar o respeito da família e do seu povo.
“Na unidade de acolhimento, as pessoas amam o que fazem, dão a vida por nós. Muitas pessoas da sociedade só olham para você e te veem como coitado, mas aqui eles viram a gente como pessoa, porque eles tratam de vida. Então é muito importante esse trabalho que está acontecendo aqui”, compartilhou Dacimar.
Centenas de vidas recuperadas
Iniciada em 2017, a UAA já atendeu 412 homens com dependência em álcool e outras drogas. O tratamento é voluntário e 100% gratuito, mantido pela Prefeitura de Araguaína, por meio da Secretaria Municipal da Saúde. A porta de entrada para a unidade é pelo CAPS ADIII (Centro de Assistência Psicossocial – Álcool e Drogas), que faz a primeira avaliação e depois encaminha o paciente para a unidade.
Wagner Enoque, coordenador da UAA, informa que o tempo médio de tratamento é de seis meses, mas pode ser estendido conforme a necessidade de cada interno. Na UAA, os acolhidos participam de atividades laborais, como o cultivo de hortas, cuidados com o pesqueiro, além de cursos profissionalizantes.
“Aqui eles começam a construir uma nova vida, que vai ser celebrada fora da unidade. Por isso, também temos o compromisso de encaminhar esses homens para o mercado de trabalho. Na UAA, eles recebem qualificação para poder sair com uma profissão e proporcionar mais qualidade de vida para eles mesmos e para suas famílias”, ressalta Wagner.
Acolhimento completo
Conforme explicou a secretária da Saúde de Araguaína, Ana Paula a Abadia, o Município conta com RAPES, a Rede de Atenção Psicossocial, composta pelo CAPS ADIII, CAPS Infantil, CAPS II, a Unidade de Acolhimento Adulto e a Residência Terapêutica, permitindo que os cidadãos que necessitam de apoio tenham o serviço completo e gratuito.
“Esses 28 homens, e tantos outros que já passaram pela UAA, superaram os seus medos, as suas dores e as suas angústias. Eles escolheram lutar por uma vida melhor, lutar pelas suas famílias. E isso faz parte do que a Prefeitura de Araguaína e a Secretaria da Saúde fazem pela nossa população”, enfatizou a secretária.
“Acredito que, assim como eu, a maioria das pessoas que está nesta formatura está se sentindo privilegiado por fazer parte deste momento. E o mais bonito de tudo isso é a palavra acolhimento, porque é muito bom ser acolhido, é uma forma diferente de passar por esse tratamento. Então eu parabenizo a todos por essa coragem e pela renovação da vida”, disse o secretário da Assistência Social de Araguaína, Alcides Filho, representando o prefeito Wagner Rodrigues no evento.


Dacimar Uaritax Dias Achure Karajá, acolhido e concluinte da UAA

Wagner Enoque, coordenador da UAA

Ana Paula Abadia, secretária da Saúde de Araguaína

Alcides Filho, secretário da Assistência Social de Araguaína