Há um ano e meio, percorrer mais de 2.800 quilômetros da Venezuela até o Brasil foi uma das decisões mais difíceis que Ucisinio Rojas, de 30 anos, tomou. Mas ele diz que não se arrepende “Primeiro passei por Manaus, só que gostei mais daqui e hoje eu estou muito bem”, conta.
O venezuelano pertence à etnia indígena warao e, em seu processo de imigração, passou dois meses tentando a independência financeira em outro estado, mas foi por meio do atendimento da Prefeitura de Araguaína que ele conseguiu autonomia e qualidade de vida. “Só fiquei na rua aqui durante um dia, eu não tinha nada para pagar aluguel e logo me ajudaram”, explicou.
Ucisinio foi contratado para atuar nos serviços gerais da Secretaria de Trabalho, Habitação e Assistência Social. Com a renda que recebe, além de se manter, consegue ajudar a família, que ainda vive na cidade de São Félix, no estado de Bolívar, na Venezuela. “Estou feliz aqui, fiz colegas e posso ajudar a minha mãe”, diz o imigrante.
Referência para todo o Brasil
Ucisinio faz parte dos 140 imigrantes que recebem atendimento da Prefeitura. Desses, mais de 110 são venezuelanos da etnia waraos, os demais são colombianos e cubanos. Dentre os serviços oferecidos estão o acolhimento, atendimento social, orientações quanto à documentação na área da saúde, economia, educação, legislação brasileira e outros.
Além das oportunidades de capacitação profissional, o Município ainda auxilia os imigrantes na inserção no mercado de trabalho, cadastros em programas socioassistenciais e fortalecimento da cidadania. As ações de políticas públicas municipais renderam, neste ano, o reconhecimento de Araguaína pela OIM (Organização Internacional para as Migrações) da ONU (Organização das Nações Unidas) com o selo da plataforma MigraCidades.
A prefeitura ainda compartilhou as boas práticas para representantes governamentais de cidades do Pará, Rio Grande do Sul e Bahia, no dia 26 de julho, durante um evento online.
“Muitos venezuelanos sofriam com a regularização da documentação que comprova o estudo no país de origem para cá, processos burocráticos, falta de experiência ou qualificação, então realizamos também as contratações para fomentar a autonomia, independência e a integração na sociedade”, explica a diretora de Políticas Públicas Setoriais da Secretaria de Assistência Social, Rhaíssa da Rosa.
Próximo passo
Segundo a diretora, o próximo passo é integrá-los no mercado da iniciativa privada, para isso estão sendo realizadas entrevistas com objetivo de entender o perfil profissional, impressão de currículos e ainda é feito contato com as empresas.
“No atendimento inicial, buscamos entender se a pessoa tem experiência, formação, como foi a carreira no país de origem e como pode ser feita essa inserção no mercado de trabalho de Araguaína, pois temos conhecimento de vagas abertas e fazemos essa ponte entre as empresas, tendo em vista que muitos dos imigrantes possuem dificuldade de comunicação em razão da diferença de idioma, principalmente”, informou Rhaíssa.
Para sanar a barreira da comunicação, em março deste ano, a prefeitura e o IFTO (Instituto Federal do Tocantins) mobilizaram 20 imigrantes, entre cubanos e venezuelanos, para aprenderem português. As aulas são todas as terças e quintas, das 19 às 20h30, na Secretaria de Assistência Social, Trabalho e Habitação e seguem até novembro deste ano. (Giovanna Hermice - Fotos: Marcos Filho Sandes / Secom Araguaína)
“Estou feliz aqui, fiz colegas e posso ajudar a minha mãe”, conta o Ucisínio
Para sanar a barreira da comunicação, em março deste ano, a prefeitura e o IFTO mobilizaram 20 imigrantes, entre cubanos e venezuelanos, para aprenderem português